domingo, 7 de junho de 2015

Técnicas de Combate a Incêndios Florestais


Técnicas de Combate a Incêndios Florestais 


A prevenção é a primeira linha de defesa contra os incêndios florestais. Se a ocorrência de incêndios em áreas florestadas ou reflorestadas pudesse ser totalmente prevenida, todos os danos produzidos pelo fogo, além dos custos de combate, seriam evitados. Na verdade, a operação de combate ou supressão de um incêndio envolve seis etapas distintas. Essas etapas, definidas em intervalos de tempo, são as seguintes:
  1. Detecção – tempo decorrido entre a ignição ou início do fogo e o momento que ele é visto por alguém;
  2. Comunicação – tempo compreendido entre a detecção do fogo e o recebimento da informação pela pessoa responsável pela ação de combate;
  3. Mobilização – Tempo gasto entre o recebimento da informação da existência do fogo e a saída do pessoal para combate;
  4. Deslocamento – tempo compreendido entre a saída do pessoal de combate e a chegada da primeira turma ao local do incêndio;
  5. Planejamento do combate – tempo gasto pelo responsável pelo combate para avaliar o comportamento do fogo e planejar estratégia de combate;
  6. Combate ao incêndio – tempo consumido na operação de combate ou eliminação definição do incêndio, incluindo o rescaldo.

Detecção

torre1
O método mais prático e econômico de detecção e localização dos incêndios florestais é o uso das torres de vigilância. Outras formas possíveis são: o patrulhamento terrestre; de avião; ou através de imagens de satélites (como é feito na Amazônia).
As torres podem ser construídas de madeira, aço ou concreto. Têm no topo uma cabine envidraçada fechada, com visibilidade para todos os lados e onde permanece o vigia.
A altura da torre depende da topografia, variando de 10 a 40 m. As mais altas são construídas nas áreas planas. A distância máxima entre duas torres é de cerca de 15 km e cada uma pode cobrir de 15 a 18.000 ha.
cabine2
Ao se instalar uma rede de torres, não é necessária uma visibilidade de 100% da área. Uma cobertura de cerca de 70% da área florestada já é suficiente e economicamente viável.
Para a identificação do local do incêndio, é necessário que cada torre tenha um binóculos, um rádio ou telefone e um goniômetro (aparelho usado para a determinação da direção do fogo). Os goniômetros devem ter a mesma orientação (o zero apontado para o Norte magnético) em todas as torres. Pode-se, através de coordenadas, determinar com razoável precisão o local do incêndio.

Sistemas de Comunicação

Uma rede de torres de observação seria inútil se não houvesse possibilidade de rápida comunicação com o escritório central ou o comando de operações de combate, para informar as ocorrências de fogo. Ao avistar uma fumaça, o operador da torre deve comunicar imediatamente o fato ao escritório central, informando o azimute e outras características da coluna de fumaça.
Os aparelhos usados para comunicação nas torres de observação são o rádio e o telefone. Ambos são eficientes e apresentam vantagens e desvantagens. A grande vantagem do telefone é o baixo custo de manutenção, apesar do maior custo de instalação. O rádio transmissor-receptor (VHF) exige carregamento periódico de bateria, o que pode ser feito mediante a instalação, na própria torre, de um conjunto gerador movido a gasolina ou energia solar. A grande vantagem do rádio é a flexibilidade, pois permite a comunicação simultânea entre as torres, escritório central e unidades móveis de combate a incêndios, desde que também sejam equipadas com rádios.

Mobilização do Pessoal

Após a detecção, comunicação e localização do incêndio, é necessário que a equipe responsável pelo combate seja rapidamente mobilizada para se dirigir ao local do fogo. Para isto é necessário que haja uma pessoa responsável pela ação inicial de combate.
O treinamento das equipes de combate, principalmente a de primeiro ataque, é fundamental para se conseguir sempre uma rápida mobilização do pessoal. Neste treinamento o responsável pela ação inicial de combate deve definir claramente as atribuições e responsabilidade de todo o pessoal no combate aos incêndios.

Apesar de não fazer parte da mobilização propriamente dita, o tempo de viagem até o local do fogo geralmente é incluído nesta etapa. O tempo de viagem ou de locomoção da equipe de combate é talvez o ponto mais crítico entre as fases que precedem o combate propriamente dito. Se o incêndio é muito distante e as vias de acesso precárias, o tempo consumido no deslocamento da equipe poderá permitir um grande aumento do perímetro do fogo, dificultando seu combate. Por este motivo é muito importante uma manutenção adequada das estradas e aceiros da área florestal e, sempre que possível, uma descentralização das equipes de combate, de modo que se possa sempre mobilizar a equipe mais próxima ao local do fogo.

Planejamento do Ataque

Um dos erros mais frequentes que se comete no combate aos incêndios é a precipitação na tomada das primeiras decisões. Isto pode, às vezes, dificultar ou retardar a ação de combate, quando por exemplo se constroem aceiros em locais inadequados ou se criam novas frentes de fogo através de contra-fogos mal-colocados.
Por este motivo, ao chegar ao local do incêndio, o responsável pela ação de combate deve estudar detalhadamente a situação antes de tomar qualquer medida de combate. Os minutos gastos no diagnóstico preciso das condições do fogo e da área ao redor podem significar muitas vezes algumas horas de economia no combate ao incêndio.
O planejamento do combate requer, entre outras coisas, o conhecimento do comportamento do fogo (tamanho, extensão da frente, velocidade de propagação e intensidade), das condições climáticas, do tipo de vegetação, da rede de aceiros e estradas e dos locais para captação de água. Depois disto então, com uma visão global da situação, pode-se, com mais propriedade, tomar as primeiras medidas relativas ao combate, como por exemplo métodos de ataque, distribuição de turmas e avaliação dos recursos necessários ao controle do incêndio.

Equipes de Combate

As equipes são as unidades básicas de combate aos incêndios florestais. Cada equipe deve ter entre 6 a 10 operários, sob a liderança de um chefe de equipe. Os componentes da equipe devem ser pessoas que trabalham normalmente na organização florestal, desempenhando outras funções, mas que serão requisitados sempre que ocorrer um incêndio. Essas pessoas, por ocasião da formação das equipes, devem receber treinamento especial em técnicas de combate e uso de equipamentos. Esse treinamento deve ser repetido periodicamente, principalmente quando houver alteração na constituição das equipes.
Quando o sistema de prevenção e combate funciona satisfatoriamente, a maioria dos incêndios florestais podem ser combatidos com apenas uma equipe. Neste caso, muitas vezes o próprio chefe da equipe pode comandar a operação de combate ao fogo. Em grandes incêndios, quando duas ou mais equipes, além de equipamentos pesados são necessários, é imprescindível a presença do técnico responsável pelo setor de prevenção e combate para comandar a operação.
O combate a um incêndio se assemelha bastante a uma operação militar, onde a hierarquia e a disciplina são fundamentais para o sucesso da ação. Isto significa a existência de um comando único, exercido pelo responsável pelo setor de prevenção e combate. Esta pessoa deverá ser responsável pelo planejamento do combate, incluindo também as normas de segurança pessoal, transmitindo as instruções aos chefes de equipes ou chefes de setores, quando várias equipes estiverem envolvidas, para que elas sejam cumpridas. O responsável pelo combate deverá também receber todas as informações relativas ao comportamento do fogo para uma avaliação permanente da situação ou para eventuais modificações no plano de combate.

Equipamentos de Combate

Para maior eficiência no combate aos incêndios é recomendável ter ferramentas e equipamentos de uso exclusivo para este fim. O equipamento de combate deve estar sempre em perfeitas condições, armazenados em locais pré-determinados e prontos para serem usados em qualquer emergência. As ferramentas de uso múltiplo, poderiam ser usadas em outros trabalhos, para melhor identificação, devem ter os cabos pintados de vermelho, indicando que são de uso exclusivo em combate a incêndios.
O tipo e a quantidade de equipamento para combate a incêndios florestais em uma instituição florestal depende de vários fatores, tais como características locais, tipo de vegetação, topografia, tamanho da área e pessoal disponível. Em geral, os equipamentos devem ser os mais eficientes, dentro das possibilidades financeiras da instituição.
Antigamente as ferramentas manuais eram o único equipamento disponível para combate aos incêndios. Atualmente, existe uma grande variedade de equipamentos motorizados, inclusive alguns bastante sofisticados. Entretanto, as ferramentas manuais não perderam seu lugar, sendo necessárias no combate a qualquer tipo de incêndio, continuando por isto a ser o equipamento mais usado no controle de incêndios em todo o mundo.

Equipamentos Necessários

De um modo geral, as ferramentas e equipamentos usados no combate aos incêndios florestais são os seguintes:

Ferramentas manuais

  • Enxada – usada para limpar, até o solo mineral, pequenas faixas ou aceiros, a fim de evitar a passagem do fogo.
  • Machado – usado para derrubar árvores e arbustos que estejam queimando e lançando fagulhas que podem originar novos focos de incêndio ou para abrir picadas com a finalidade de fazer aceiros.
  • Foice – usada para abrir picadas e construir pequenos aceiros; entre as ferramentas manuais é uma das mais versáteis no combate a incêndios de baixa intensidade em áreas de vegetação de pequeno porte.
  •  – usada para jogar terra e enterrar material que esteja queimando; muito útil em operação de rescaldo, principalmente onde o solo é arenoso.
  • Ancinho – usado para fazer rapidamente pequenos aceiros, principalmente onde existe acúmulo de folhas e acículas na superfície do solo.
  • McLeod – consiste de uma enxada e um ancinho justapostos, substituindo portanto duas ferramentas.
  • Abafador – Usado para bater sobre o fogo, apagando-o por abafamento, quando há possibilidade de combate direto. Consiste de um retângulo de borracha flexível com lonas (correias transportadoras usadas), de aproximadamente 40 cm de comprimento, 30 cm de largura e 0,6 cm de espessura, preso a uma armação de ferro em forma de “T” e fixado a um cabo de madeira de no mínimo 1,60 m de comprimento.
  • Extintor costal – constituída de um reservatório com capacidade de 20 l de água e de uma bomba tipo trombone, de operação manual, pode lançar água até cerca de 10 m de distância (Figura 5). É muito útil no combate de incêndios de superficiais de baixa intensidade e no rescaldo de grandes incêndios. Operada por pessoa treinada é o mais eficiente, flexível e econômico (por litro de água bombeada) entre todos os equipamentos de bombeamento de água. O extintor costal é considerado o mais importante invento individual entre os equipamentos de combate de incêndios.
  • Lança-chamas – o tipo mais eficiente é o “pinga-fogo” . Muito útil e prático para se fazer um contra-fogo, especialmente quando este precisa ser feito rapidamente. Indispensável para se fazer queimas controladas.

Equipamento de apoio

  • Lanterna – equipamento necessário para maior segurança e eficiência no combate a incêndios durante a noite.
  • Capacete – indispensável para a segurança dos operários, principalmente quando combatendo incêndios no interior de florestas.
  • Cantil – a disponibilidade de água potável de boa qualidade é essencial nas operações de combate ao fogo, pois as altas temperaturas predispões os operários à desidratação.
  • Caixa de primeiros socorros – material muito importante para a segurança dos operários; deve conter, obrigatoriamente, medicamentos para queimaduras e cortes e soro antiofídico.

Equipamentos motorizados

  • Moto-serra – usada para derrubar, mais rapidamente, árvores que estejam queimando ou para abrir aceiros; não precisa ser de uso exclusivo para combate a incêndios.
  • Atomizador costal – pode ser usado para lançar água ou retardante químico em incêndios superficiais; existem modelos que podem ser usados apenas como sopradores, no combate a incêndios superficiais.

Equipamentos pesados

  • Trator com lâmina – indispensável no combate a grandes incêndios, principalmente quando se precisa abrir aceiros em vegetação pesada.
  • Motoniveladora – usada para abrir ou ampliar aceiros; por ser mais rápida que o trator, deve ser preferida para esse trabalho sempre que as condições de vegetação e topografia permitirem.

Equipamento de bombeamento de água

  • Moto-bomba portátil – muito útil no combate a incêndios quando existe uma boa rede de pontos de captação de água; podem fazer o lançamento diretamente da fonte de água para o incêndio ou ser usada para reabastecer pipas ou carros tanque.
  • Carro-tanque – o caminhão de bombeiro é muito útil, porém somente opera com eficiência em boas estradas. Em muitas situações, a caminhonete com tanque removível, transportado ou rebocado é mais eficiente, versátil e econômica. O tanque, com capacidade de 400 a 1200 l de água, equipado com bomba de sucção e recalque, é colocado na caminhonete durante a estação de incêndios e retirado durante meses de menor perigo, liberando o veículo para outros usos. O “kit-combat” é um bom exemplo deste tipo de equipamento.
  • Avião-tanque – muito útil no lançamento de grandes quantidades de água ou retardante químico sobre os incêndios. O avião tanque mais moderno, especialmente projetado para esta tarefa, é o CANADAIR CL-415 (Figuras 8 e 9) um anfíbio que leva 6,0 t de água em seus tanques e não precisa pousar para se reabastecer; basta haver uma superfície de água (lago, rio ou mar) com 1.200 m de comprimento, 2 m de profundidade e livre acesso, para que eles, em aproximadamente 10 segundos, apenas tocando a superfície, se auto-abasteça.
  • Helicóptero – usado para despejar água sobre incêndios, através de baldes (Bambi bucket) de 400 a 1.500/l de capacidade, ou através de tanques fixados na fuselagem, que podem ser reabastecidos em qualquer superfície de água. (Figuras 10, 11 e 12).

Métodos de Combate

Existem pelo menos quatro (4) métodos de combate ao fogo nos incêndios florestais. A saber:

Método direto

Usado quando a intensidade do fogo permite uma aproximação suficiente da brigada à linha de fogo. São usadas as seguintes técnicas e materiais: água (bombas costais, baldes ou moto-bombas); terra (pás); ou batidas (abafadores).

Método paralelo ou intermediário

Usado quando não é possível o método direto e a intensidade do fogo não é muito grande. Consiste em limpar, com ferramentas manuais, uma estreita faixa, próxima ao fogo, para deter o seu avanço e possibilitar o ataque direto.

Método indireto

Usado em incêndios de intensidade muito grande. Consiste em abrir aceiros com equipamento pesado (tratores, etc.), utilizando ainda um contra-fogo, para ampliar a faixa limpa e deter o fogo, antes que chegue ao aceiro.

Método aéreo

Usado nos incêndios de copa, de grande intensidade e área e em locais de difícil acesso às brigadas de incêndio. São usados aviões e helicópteros, especialmente construídos ou adaptados para o combate ao incêndio.
Deve-se procurar encurralar o fogo, tão logo seja possível. Em incêndios pequenos e fracos, o ataque pode ser feito pelo método direto. Em incêndios maiores, o combate deve ser iniciado pelos flancos e ir avançando até a frente.
Deve-se revezar as turmas antes que estejam incapacitadas para a luta por cansaço.

Uso do Avião

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As primeiras tentativas de combate aéreo a incêndios foram feitas em 1930/31 em Spokane, Washington e Sacramento, nos Estados Unidos. C.J.Jensen voou sobre incêndios florestais num avião Hispano-Suíço da I Guerra Mundial, adaptado com 2 pequenos tanques de água. Houve experiências posteriores na Rússia, em 1934, nos EUA e Canadá, em 1937, e EUA e Austrália, em 1940. O primeiro êxito operativo, entretanto, só ocorreu em 1950, no Canadá, quando um avião Beaver, lançou “bombas de água” (bolsas de papel e plástico de 14 litros cada, em grupos de 6 a 8 por vez) sobre um incêndio florestal, conseguindo assim retardar a sua propagação, até que as equipes de terra conseguissem sua extinção total. A partir de então, aumentou muito o uso desta técnica, graças ao uso de aviões remanescentes da II Guerra, já fora de serviço, convenientemente transformados e equipados com depósitos e dispositivos especiais para os “bombardeios de água”.
As quantidades de água variam em função da capacidade de combustão da massa. Estima-se que para controlar um fogo de campo, um avião IPANEMA (de fabricação nacional), com capacidade para 500 l de água, cobrindo uma faixa de 10 m, com descarga de 200 l/ha, possa retardar ou suprimir o fogo em 2.500 m, o que ele fará em um minuto de aplicação. Numa distância de 15 km da pista, ele poderá fazer 3 decolagens por hora e, em 8 horas de trabalho por dia, suprimir um incêndio igual ao que consumiu o Parque Nacional das Emas, em 1988.
Aviões e helicópteros são particularmente úteis no lançamento de grandes quantidades de água ou de retardantes químicos sobre o fogo.
Aviões e helicópteros de vários tipos podem ser usados no combate a incêndios florestais.
Entre as finalidades do combate aéreo a incêndios florestais, destacam-se:
  • patrulhamento aéreo da área a ser protegida
  • ataque rápido ao incêndio, antes que adquira tamanho e violência
  • combate ao incêndio em terrenos inacessíveis às equipes de terra
  • descarga de grandes quantidades de água ou de retardantes químicos sobre o incêndio e em curtos intervalos de tempo
  • mudança rápida de um incêndio a outro, extinguindo focos iniciais distantes entre si e protegendo homens e materiais
  • transporte de homens e equipamentos de combate terrestre.
Embora de custo elevado, uma PATRULHA AÉREA presta inestimáveis serviços nas extensas áreas florestadas. Estes serviços, contudo, não dispensam as estratégicas torres de observação implantadas em terra e complementam a sua ação. O patrulhamento aéreo pode ser feito com ULTRALEVES ou com aviões mono ou multimotores, sendo estes últimos os preferidos, por motivos de segurança, autonomia e velocidade.
Os vôos de patrulhamento têm por fim identificar o início dos incêndios florestais e devem ser feitos a baixas altitudes (cerca de 3.000 m do solo), possibilitando assim uma visão de cerca de 15 km para cada lado. Os aviões de asa alta facilitam a visibilidade.
Usando-se aviões de grande porte, e sendo longas as distâncias, cada incursão pode durar de 1 a 2 horas. Um mesmo aparelho pode realizar 5 a 10 vôos por dia de serviço. Em caso de avistar um incêndio, o piloto deve comunicar à equipe de terra: a) a localização exata do incêndio; b) a situação atual do incêndio; e c) a topografia e características do terreno.
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Em 1966 o Canadá fabricou o avião anfíbio CANADAIR CL-215, considerado o protótipo ideal para a extinção de incêndios florestais e que transportava até 5,5 t de água em seus tanques e que nãoprecisa pousar para reabastecer de água; basta haver um lago ou rio nas proximidades, com extensão mínima de 1.800 m para que ele, apenas tocando a superfície líquida, reabasteça e volte ao local do incêndio.
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Em 1969 conseguiu-se o sistema mais perfeito de lançamento de água: um depósito de 2.000 litros, colocado sob a fuselagem do avião e cujo fundo é uma membrana plástica que se desprende ao lançar a água, conseguindo-se assim uma caída compacta da mesma. Usou-se na experiência, um avião De Havilland DHC-6 Twinetter.
Para mostrar o potencial dessa atividade, basta dizer que, somente nos EUA e entre 1960 e 1988, aviões e helicópteros de todos os tipos e tonelagens, efetuaram mais de 48.000 horas de vôo por conta de atividades florestais, lançando cerca de 20 milhões de litros de água sobre mais de 1.050 incêndios florestais.
Infelizmente, no Brasil, está tudo por ser iniciado, apesar do grande potencial do país, cuja indústria aeronáutica disputa mercado com países desenvolvidos. Acrescente-se o fato de termos o 5º maior país do mundo em extensão territorial e de possuirmos as maiores reservas florestais do planeta. Trabalhos de combate a incêndio em canaviais foram realizados em 1981 e 1982 pela AVAL – Aviação Agrícola Lençois, em Lençois Paulistas – SP com bons resultados, usando soluções de DAP – Diamôniofosfato.
Como o calor de combustão do material florestal é de cerca de 5.000 cal/g e o calor latente de evaporação da água é de 500 cal/g, é necessário aplicar cerca de 10 vezes o peso do material combustível existente (em água) para se extinguir o fogo. Segundo VINES, em um incêndio florestal de 800 Kcal/m.s é necessário aplicar água à razão de 1,5 kg/m.s para se dominar o fogo.
Mais eficiente que a água é a aplicação aérea de retardantes químicos (sulfato de amônia, diamônia fosfato, borato de cálcio e sódio) sobre a vegetação ainda não atingida pelo fogo. O diamônia fosfato, por exemplo, pode ser usado na dosagem de 200 g/m^2 de área.

Estratégias de Combate

Ataque direto

As descargas de água são lançadas diretamente sobre as chamas (no caso de incêndios pequenos) ou sobre os pontos mais quentes ou de atividade mais intensa (em incêndios de grandes proporções) , identificados pela cor mais escura e maior densidade de fumaça. Também é empregado para cortar e reduzir uma frente de chamas. Ou para diminuir a temperatura ambiente e permitir maior aproximação dos homens que trabalham na extinção por terra.
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Ataque indireto

As descargas de água são lançadas adiante do incêndio, a fim de obter uma linha de contenção da qual o incêndio não ultrapassa. Este tipo é especialmente útil e possível, quando se utilizam retardantes químicos, pois pode-se estabelecer verdadeiro corta-fogo ou reforçar os já existentes. Essa técnica é provavelmente a mais indicada para o controle de incêndios em regiões de Cerrado e nos pastos.
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Medidas de Segurança após o Combate

Mesmo depois de confinado ou dominado o incêndio florestal ainda não pode ser considerado extinto. Todas as precauções possíveis devem ser tomadas para evitar que ele se reative e volte a se propagar. Esta operação final, denominada de rescaldo, é muito importante para assegurar a extinção total do fogo. Muitas vezes, o rescaldo pode inclusive significar o sucesso ou fracasso de toda operação de combate a um incêndio. O rescaldo é uma operação dura, desinteressante e cansativa, mas um bom meio para se testar a eficiência de uma equipe de combate. Uma boa supervisão e uma firme liderança são necessários para se obter um trabalho eficaz nesta operação.
Basicamente, o rescaldo inclui as seguintes tarefas, que devem obrigatoriamente ser cumpridas após o confinamento do fogo:
  1. Descobrir e eliminar possíveis “incêndios de pontos”, causados por fagulhas lançadas pela frente do fogo.
  2. Ampliar o aceiro ou faixa limpa em torno da área queimada, para melhor isolamento da mesma.
  3. Derrubar as árvores ou arbustos que ainda estejam queimando ou em incandescência, para evitar que lancem fagulhas.
  4. Eliminar, utilizando água ou terra, todos os resíduos do fogo dentro da área queimada.
  5. Manter patrulhamento, com número suficiente de pessoas, até que não haja mais perigo de reativação do fogo; voltar no dia seguinte para nova verificação.

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