sábado, 6 de junho de 2015

A Segurança Contra Incêndio no Brasil


A Segurança Contra Incêndio no Brasil


PREFÁCIO

O homem sempre quis dominar o fogo. Durante milhares de anos, ao bater uma pedra contra outra, gerava 

uma faísca que, junto a gravetos, iniciava uma fogueira. Ele controlava a ignição. Entretanto não controla-
va o fogo, que vinha de relâmpagos e vulcões. Esses fenômenos eram associados à ira dos deuses, verda-
deiro castigo do céu. O próprio fogo era venerado na antiguidade.

O domínio do fogo permitiu um grande avanço no conhecimento: cocção dos alimentos, fabricação de 

vasos e potes de cerâmica ou objetos de vidro, forja do aço, fogos de artifício, etc.. Por outro lado, sempre houve 

perdas de vidas e de propriedades devido a incêndios.

Após a Segunda Guerra Mundial o fogo começou a ser encarado como ciência; complexa, pois envolvia 

conhecimentos de física, química, comportamento humano, toxicologia, engenharia, etc..

Tive a oportunidade, no início da década de 70, de acompanhar o desenvolvimento dessa nova ciência 

que emergia no CSTB - Centre Scientifique et Techinique du Batiment, na França, sob a direção do cientista Gerard 

Blachere. Foi graças ao meu orientador, que me apresentou a esse cientista, que arrumei um emprego temporário 

de dois anos letivos.

Sob a direção de Blachere, um grande número de cientistas, de todas as áreas do conhecimento relativas 

à construção dos edifícios, montou um sistema de avaliação por desempenho, com base em ensaios de materiais, 

componentes e sistemas construtivos Essa pesquisa redundou, na década de oitenta, na norma ISO - 6241 Perfor-
mance of Building Construction. No laboratório de ensaios de fogo do Centro, conheci o ex-comandante do Corpo 

de Bombeiros da França, Coronel Cabret, pesquisador e chefe do laboratório, com quem pude aprender muito 

sobre ensaios e pesquisa na área de SCI.

Nessa época, tive o prazer de conhecer o pesquisador e chefe do Fire Station do BRS Bill Malhotra e sua 

esposa Stella. Com o tempo, tornamo-nos amigos e tive o prazer de passar uma semana em sua casa.

Malhotra veio a ser um grande colaborador na transferência de conhecimento na área de SCI - Segurança 

Contra Incêndio - no Brasil. Primeiramente participou do SENABOM do Rio de Janeiro, quando, com uma didática 

maravilhosa, conseguiu transmitir os conceitos básicos de SCI, enfocando a prevenção e proteção à vida e ao patri-
mônio. Numa segunda etapa, foi convidado pelo CBMESP - Corpo de Bombeiros Militares do Estado de São Paulo, 

com suporte financeiro do British Council, para redigir um texto sobre SCI nas edificações, que resultou no “GENE-
RAL BUILDING REGULATION FOR FIRE SAFETY” no qual ele propunha nove capítulos:

1. Prevenção do início do incêndio.

2. Prevenção do rápido crescimento do incêndio.

3. Disponibilidade de sistema de detecção e alarme de incêndio.

4. Adequação dos meios de escape dos ocupantes.

5. Projeto da estrutura para resistir aos efeitos do incêndio.

6. Divisão dos espaços internos para prevenir a propagação irrestrita do incêndio.

7. Separação das edificações para prevenir a propagação do incêndio.

8. Instalações para controle de incêndio na edificação .

9. Sistema de brigadas de incêndio para salvamento e controle do incêndio.

Estava plantada a semente que resultou na regulamentação das Instruções Técnicas do CBMESP no co-
mando do coronel Wagner Ferrari.

Paralelamente, por determinação do então superintendente do IPT Instituto de Pesquisas Tecnológicas 

do Estado de São Paulo, dr. Alberto Pereira de Castro, implantamos o Laboratório de SCI, que ainda hoje é uma 

referência em nível nacional. Na implantação dos laboratórios e na formação de nossos técnicos, tivemos um apoio 

significativo do NBS National Bureaux of Standards, hoje NIST National Institute for Standards and Tecnology. Dan 

Gross, Benjamin e tantos outros transferiram uma massa imensa de conhecimentos.

Em simpósios internacionais, conheci o engenheiro E. A. Sholl, da Proteção Contra Incêndio, que vive no 

Rio de Janeiro e que durante anos batalhou para o desenvolvimento da área de SCI no Brasil.

No Rio Grande do Sul, posso citar o engenheiro Cláudio Alberto Hanssen, outro divulgador do conheci-
mento da SCI e, em São Paulo, o cel. bombeiro Orlando Secco.

O Laboratório do IPT ainda recebeu uma ajuda significativa do professor Makoto Tsujimoto, da Universida-
de de Nagoya, Japão, patrocinada pela JICA - Japan International Cooperation Agency, que resultou em instalações 

de ensaios de fumaça, entre outros, e na ida ao Japão da arquiteta Rosária Ono, hoje professora de prática profis-
sional na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP.

Em Brasília, tivemos a ajuda da JICA para a implantação de laboratório de investigação cientifica e incêndio.

Uma série de pesquisas e orientações de teses na área de SCI está em andamento nas universidades brasileiras.

Este livro é um esforço conjunto das pessoas que acreditam na necessidade de um texto básico na área de 

SCI, que enfoque boa parte dos ensinamentos mínimos para uma compreensão dessa área do conhecimento.

Mais de uma centena de pessoas foram envolvidas na organização, redação de textos, auxílio financeiro, 

apoio institucional, etc.. Sabemos das dificuldades para conseguir redigir os textos dentro do dia-a-dia profissional 

e nos prazos curtos que tivemos. Infelizmente, alguns não conseguiram terminar em tempo suas tarefas, mas mes-
mo assim agradecemos o esforço.

Escrevi este texto com o coração e certamente omiti certos nomes e fatos que foram relevantes para a SCI 

no Brasil. Portanto, peço desculpas, mas posso dizer finalmente: “missão cumprida”.

Prof. Dr. Ualfrido Del Carlo

Clique na Figura abaixo para ter acesso ao material completo, disponível para ser baixado em PDF


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